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SARAIVA E CULTURA: LIVRARIAS AMARGAM CRISE E FECHAM LOJAS

Empresas reclamam que a situação é desencadeada pela crise instaurada pelo covid-19, no entanto os problemas já se arrastam há anos

20/09/2020 às 18h18 Atualizada em 20/09/2020 às 19h22
Por: Cláudio Bertode
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SARAIVA E CULTURA: LIVRARIAS AMARGAM CRISE E FECHAM LOJAS

 

BRASIL|20.09.2020| Ao que parece, a triste situação envolvendo o império das grandes livrarias como a Saraiva e a Cultura não é um simples reflexo do fator COVID-19, o que presenciamos é uma crise dentro de outra crise. Sim, a crise das grandes lojas de livros começou bem antes da pandemia. 

 

 

A Livraria Cultura foi a primeira a tomar decisões drásticas. A companhia assumiu o controle da Fnac no Brasil em 2017, mas, neste ano, fechou todas as unidades da rede, incluindo a loja virtual. Dias depois, a companhia fez um pedido de recuperação judicial. As dívidas da Livraria Cultura são estimadas em pelo menos R$ 285 milhões.

Cerca de um mês depois, a principal concorrente seguiu pelo mesmo caminho: com dívidas na casa dos R$ 675 milhões, a livraria Saraiva pediu recuperação judicial em 23 de novembro, ironicamente, no dia da realização da Black Friday, uma das datas mais importantes para o comércio.

 

 

A QUEDA DA GIGANTE LASELVA (2013)

 

De acordo com o Tecnoblog, “em um passado não muito distante, o meu ritual consistia em fazer check-in e, logo em seguida, comprar revistas na Laselva para ler durante o voo. Apesar de ter tido lojas em shoppings e rodoviárias, a rede ficou conhecida por instalar unidades nos principais aeroportos do Brasil.”

A Laselva chegou a ter mais de 80 lojas espalhadas pelo país. Sabe quantas restaram? Isso mesmo, nenhuma. Atolada em dívidas que somavam mais de R$ 120 milhões, a empresa entrou em recuperação judicial em 2013. Em março de 2018, a 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo decretou a falência da rede. 

 

 

NOSSA OPINIÃO

 

 

Por todo o cenário de tropeços e quedas nas vendas, por todas as dívidas milionárias que as gigantes editoriais vêm acumulando nos últimos anos. Justamente, por isso, não se pode endossar as campanhas de marketing da Saraiva e da Cultura que tentam imputar suas falências editoriais a uma crise iniciada pela Pandemia. Na verdade, o que se percebe é que o mercado editorial feito por essas gigantes, está em decadência há muito tempo. 

Não conseguiram se adaptar ao novo cenário editorial que nasceu com o avanço do mundo digital. Não souberam entrar no mercado dos livros digitais e continuaram apostando no velho mercado do livro de papel. Com suas lojas pouco atraentes para o ciberleitor. 

Não investiram seu precioso capital na descoberta de novos escritores. Apostaram a maior fatia dos investimentos em propaganda, em lojas pomposas e bonitas, mas nada populares. 

Investiram em livros acadêmicos, meras traduções de livros estrangeiros ou livros chatos de autoajuda. Esqueceram que investir em talentos jovens é investir no futuro editorial. Assim, movimenta as regiões e faz a literatura ser assunto do dia a dia das comunidades. Preferiram investir em lucro imediato para um público seleto e específico. No entanto, hoje é mais barato comprar pela internet, por exemplo, exemplares bem mais em conta em valores pela Amazon e outras. 

Infelizmente, teima em velhas fórmulas, muito rentáveis no passado, mas que não suportam um estrutura gigante de livrarias em vários pontos de grandes cidades. 

Claramente, percebe-se que o valor dos livros no Brasil não é atrativo, para piorar não existe oportunidades para o escritor iniciante, que sonha publicar seu primeiro livro, nem existe foco no leitor, o livro no Brasil é tratado por esses tubarões da indústria editorial como artigo de luxo. 

 

Não existe projeto por parte dessas editoras para envolver os escritores nem se atentam para a questão de formar novos leitores, ou seja, novos compradores de seus produtos. 

Não há política de agenciamento ou chance para novos talentos da literatura.  Quem quer publicar encontra mil barreiras pela frente e dificilmente, terá a oportunidade de ao menos mostrar seus rascunhos para uma Saraiva ou para uma Cultura. 

 

Logo, o resultado é o que estamos vendo. Com ou sem pandemia, o resultado seria e será o mesmo. O jeito selvagem dessas empresas fazerem o mercado editorial está com os dias contados. E o pior, é que todos saem perdendo.  ela frente e dificilmente, terá a chance de ao menos mostrar seus rascunhos para a Saraiva ou para a Cultura. 

 

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